Desafiar os estereótipos de género na sala de aula significa começar a questionar os nossos próprios preconceitos em torno do género. Todos nós fomos sujeitos, ao longo da nossa vida, a influências específicas que moldam as nossas atitudes relativamente ao género. Estas influências englobam: atitudes dos pais, da escola, dos grupos de pares, ideias transmitidas no ensino superior e contactos sociais. Pensar estereotipicamente significa assumir que um grupo de pessoas que partilham algumas características também partilham certos atributos. Por outras palavras, quando alguém assume algo sobre uma pessoa com base num aspeto específico da sua identidade. Muitas vezes o pensamento tendencioso e estereotipado leva-nos a utilizar o pensamento generalizado.
Considere as seguintes questões para refletir sobre sua própria prática (National Education Union, 2013 ):
Todos nós temos preconceitos. O importante é estar atento aos mesmos e desafiar-se a si próprio quando sente que estão ativados. A autorreflexão envolve “um diálogo consigo próprio sobre os nossos pressupostos fundamentais, valores e formas de interagir. Neste diálogo, questionamos as nossas crenças fundamentais e a nossa compreensão de acontecimentos particulares” (Cunliffe & Jun, 2005). Isto é importante em termos de exploração da nossa experiência e do que podemos trazer ao ensino. Ao examinar e investigar o nosso contexto social e institucional, a autorreflexão permite-nos ultrapassar “constrangimentos estruturais” que podem ser traduzidos para a sala de aula e para os alunos.
Embora ter consciência dos estereótipos e dos nossos próprios preconceitos seja o primeiro passo para os descontruir, é agora importante ter consciência das diferentes formas de desafiar ativamente os estereótipos de género na sala de aula.
What kindergarteners taught me about gender | Batya Greenwald | TEDxCU (em inglês)
Segundo Cathy Nutbrown (2012), para desafiar os estereótipos na primeira infância, devemos:
Os contos de fadas e histórias tradicionais reforçam frequentemente conceções limitativas da masculinidade e feminilidade, que influenciam as ideias e crenças das crianças sobre o género, especialmente quando são muito jovens. Contudo, também podem ser utilizados como ferramentas para desafiar estereótipos na sala de aula e encorajar o pensamento crítico.
Um estudo realizado por Meland (2020) explica como a “reinvenção” do conto de fadas “A princesa e a Ervilha” proporcionou uma oportunidade para explorar e desafiar os papéis de género. Depois de ver uma versão alternativa do conto, onde a princesa foi representada como forte e corajosa, e o Rei representado como vaidoso e feminino, os professores puderam observar um decréscimo dos comportamentos estereotipados de género entre as crianças. Medland salienta que, embora um conto de fadas “atípico em termos de género”, como a versão da Princesa e da Ervilha de Dybwikdans possa desempenhar um papel vital para ajudar as crianças a desafiar os seus pontos de vista sobre estereótipos, muitas crianças não são capazes de o fazer por si próprias. Por conseguinte, é importante que os professores intervenham e ajudem as crianças a compreender através de perguntas e atividades de acompanhamento..
Da mesma forma, Wee et. al (2017), lançaram um estudo sobre sessões de leitura de contos de fadas tradicionais e das suas versões alternativas, seguidas de discussões e atividades de acompanhamento. O estudo revelou que, ao serem colocadas perguntas provocadoras como “Se a Branca de Neve não fosse bonita, os anões tê-la-iam aceite?”, as crianças foram capazes de usar capacidades de pensamento crítico e lógico para revelar preconceitos e estereótipos de género prevalecentes nas histórias.
Ao escolher livros que desafiam os estereótipos de género e ao incorporá-los em esquemas de alfabetização, as crianças são encorajadas a identificar personagens ‘estereotipadas’ noutras histórias. Especialmente no caso das crianças pequenas, é importante destacar os momentos em que um livro desafia ou perpetua estereótipos e indagar de que forma isto afeta a personagem. Com grupos etários mais velhos, o professor pode incitar discussões sobre estereótipos nos meios de comunicação social e se estes influenciam o nosso comportamento, com ou sem conhecimento de causa (National Education Union, 2013).
De acordo com a Lifting Limits, embora a língua possa ser uma ferramenta poderosa para desafiar os estereótipos de género, também pode ajudar a perpetuá-los. Apresentam-se aqui algumas ideias referidas pela Jillian Star Teaching & National Education Union:
Utilizar pessoas (particularmente mulheres) que desafiam os estereótipos de género como modelos a seguir é uma ótima forma de desafiar pressupostos e ideias enraizadas. A utilização de modelos a seguir, tanto na aula como nos visitantes externos, pode inspirar as crianças a combater os estereótipos. É importante que falem sobre o que gostam quanto ao que fazem na vida e como alcançaram os seus objetivos.
The Anti-Fairytale of Gender Stereotyping (em inglês)
Who inspires you? Why heroes, role models, and mentors matter | Dyan deNapoli | TEDxDrewMiddleSchool (em inglês)