Na sequência do que foi apresentado anteriormente, é realmente importante saber que os professores afetam os alunos em muitos aspetos relevantes, aspetos esses que determinarão a forma como percebem o seu progresso escolar e as suas realizações académicas.
Por exemplo, Matt Pinket chama a nossa atenção para o facto de ser perigoso tratar os rapazes de forma diferente. Assumir, por exemplo, que um rapaz não gosta de ler e adora desporto, e por isso, pedir-lhe que leia um livro sobre desporto para ir ao encontro dos seus interesses, resultará na limitação das suas expectativas.
Compreendemos assim que um dos desafios mais significativos dos professores é levar os alunos a abandonar a sua zona de conforto.
Segundo a pesquisa de Rigissa Megalokonomou, os preconceitos dos professores podem ter um impacto na motivação (para aprender ou ir às aulas) dos alunos. Estes preconceitos também afetam outros aspetos, tais como “a opção de ingressar no ensino superior, ou ainda a qualidade da universidade e do programa de estudos”. Estes efeitos são os mesmos tanto para os alunos do sexo masculino como para os alunos do sexo feminino.
Megalokonomou observou também que os preconceitos de género dos professores parecem ter um impacto a longo prazo nas mulheres, ao influenciarem as suas perspetivas de carreira e rendimentos.
De acordo com o estudo da Rede Graide apresentado em 2018, os efeitos do preconceito de género na sala de aula são complicados, e a investigação mostra que estes preconceitos têm desvantagens tanto para os rapazes como para raparigas, embora de formas diferentes.
Para os rapazes, muitos dos desafios têm a ver com o comportamento e a autorregulação. Por exemplo, de acordo com os autores de Reaching Boys, Teaching Boys, “os rapazes são expulsos do ensino pre-escolar quase cinco vezes mais do que as raparigas, são mais propensos a abandonar a escola e menos propensos a fazer os trabalhos de casa, e representam um número baixo de licenciados”.
A investigação também revela que os professores tendem a interromper as raparigas com mais frequência do que os rapazes. As raparigas não são chamadas a demonstrar as suas ideias perante a turma com a mesma frequência que os rapazes. Também é menos provável que os professores olhem diretamente para as raparigas enquanto estas respondem a perguntas abertas.
Esta desigualdade persiste fora da sala de aula e está também presente na forma como os professores atribuem as notas aos alunos. De facto, um estudo educativo realizado em Israel comprovou esta realidade. Solicitou-se aos professores internos e a professores externos que corrigissem a mesma tarefa de matemática. Observou-se que os professores externos, que avaliaram sem conhecer o género do aluno, atribuíram às raparigas notas mais elevadas do que os professores internos.